terça-feira, janeiro 24, 2006 4:13 AM

I'm calling you, so serious

por Ênio Vital

Lembra daquele dia? Dos desenhos e diálogos na folha toda rasgada e suja? Então, quando voltava para casa, em meio à sombras e luz baixa, eu só pensava no amanhã para poder levar minha caixa de lápis de cor e tirar os tons monocromáticos dos desenhos e da sua vida! Queria ser sua caixinha de colorir, dar tons pasteis para partidas e vibrantes para chegadas!
E lembro, também, com você, eu aprendi, desde aquela primeira vez quando me mandou escolher um doce na panificadora e ficava olhando, e olhando, e olhando só para descobrir qual era maior – mesmo que não fosse o meu preferido – pois me sujeitava à isso, ao grandioso e incógnito: novas experiências. Queria descobrir tudo com você, o requisito era a grandiosidade, mas nem por isso queria parar de caber dentro de você, de encostar a cabeça contra seu peito e pensar que aquela era a melhor forma de dizer “Eu te amo!”, sem palavras e gestos.
Agora, não me importo de você ficar aí, na Cidade do México, não mesmo. Nem de todo esse caos urbano, das luzes alaranjadas e pandemônio humano, o inferno tem toda essa cor cromada. Mas, definitivamente, me importo se teu coração, humor e palavras estão no azedume!
É que... sabe, das poucas coisas acreditáveis no qual minha mãe me disse é: “...pode ter um galão de 25 litros de leite totalmente delicioso e saudável, porém basta um pouquinho de leite azedo para coalhar e estragar tudo no galão!!”, meu coração, humor e palavras são assim, então não estrague-os.
Por tudo foi como fumar um cigarro, rápido e progressivo até o final, alias, no final, ficou a bituca e naquele filtro com as extremidades brancas e no centro marrom amarelado percebi, de uma forma ou outra, você me fez mal em baixa ou alta tensidade, mas não ligava! Estava viciado no meu amor por você, mesmo! E dei com os ombros, pois só queria fumar outro cigarro com você, mesmo!
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