terça-feira, novembro 25, 2008 10:16 PM

Fruto de novembro

por Ênio Vital

Descobri que em vez de eu ter um coração, eu havia o substituído por uma pedra de concreto, rígida e uniforme. Poderia fazer chuva, sol, ou frio, estar submerso em psicotrópicos ou em recordações, que não conseguia fazer nenhum desgaste nele.
Porém, contra o tempo, ninguém perdura e eis passado algum, posso dizer que algumas rachaduras aconteceram mas de menor importância e sem conseguir algum progresso substancial que chamasse atenção.
Até que outro dia, eu resolvi dar uma olhada e conferir se andava tudo como sempre. Para minha surpresa, no meio de uma fissura pequenina brotava uma plantinha verde. A sensação e a imagem eram a mesma de quando você passa numa calçada e vê uma planta rompendo com as leis naturais, lá está ela onde jamais ninguém imaginou estar.
Me senti, por um momento, um frio natural na barriga pelo espanto e depois fui tomado por uma sensação quase indecifrável em que eu até tinha minhas apostas sobre o que deveria ser.
Nessa altura do campeonato, fiz minha aposta e esperei ver o que aconteceria: ver se a plantinha resistiria e continuaria a crescer até ir quebrando a pedra por estar de dentro pra fora ou se tudo fosse acaso do destino e sem mais nem menos ela morresse misteriosamente da mesma maneira que veio.
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