terça-feira, novembro 11, 2008 12:32 AM

SAUDADES - PARTE I

por Ênio Vital

Saudades.
s. f., lembrança triste e suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de as tornar a ver ou a possuir; pesar pela ausência de alguém que nos é querido; nostalgia;

(no pl. ) lembranças afetuosas a pessoas ausentes; cumprimentos.

Por excelência, uma grande estação de trem tem fisicamente e, até de certa forma, metaforicamente um conceito de ser um grande reduto de criação e matança de saudade. Sejam saudades brancas, negras, pardas... para todos os gostos!
Há, ainda por cima, a vida das pessoas que controlam as câmeras de vigilância dessa grande estação de trem. Pois, pense bem, quantas emoções elas não devem presenciar por meio de seus monitores?
Concluo, essas pessoas vêem de tudo literalmente.
A saudade impaciente dos pais na espera do filho que mora fora e só volta em feriados prolongados. O filho, por sua vez, morrendo de saudades da lasanha da mãe e das conversas sinceras imersas em conselhos do pai.
A saudade declamatória e enlouquecedora de uma amadora na espera do amante lembrando dos cheiros, cacoetes e beijos. Ele, por sua vez, olha a exaustão a foto dela que ele leva na carteira e escutando a música que ambos gostam no mp3player para se sentir um pouquinho mais próximo dela.
Mas nem só de saudades que serão cessadas acontecem numa estação, talvez em mesma intensidade ou até mais elas acabam sendo aumentadas pela:
A saudade fúnebre de quando alguém volta a terra-natal dos pais que já não estão mais entre nós.
A saudade que vai apertar o coração com a chegada do vagão-correio trazendo postais e cartas de outras pessoas.
A saudade explosiva que nos aflinge quando acabamos de nos despedir de um ente querido e amado que acabara de rumar para longe.
Enfim, a saudade é a arte do convivio de uma ausência presente! (infelizmente!)
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